Sexta-feira, 29 Março

«Nostalgia de la Luz» por João Miranda

A Luz como História, a História como Luz. Patricio Guzmán fez um filme magnífico em que nos mostra como olhamos para o passado, explorando-o a vários níveis diferentes e entretecendo-os num fluir de imagens e histórias. Da astronomia, arqueologia, histórias pessoais, à história recente do Chile no regime de Pinochet, a todos garantindo a dignidade que o tema requer, comparando-os sem minimizar e acompanhando tudo com um lirismo visual e verbal.

O elemento que une todos estes passados é o deserto do Atacama que, pelas suas condições climatéricas, é o lugar perfeito para astronomia, tendo sido instalados vários telescópios aí por essa mesma razão, para arqueologia, onde se podem encontrar muitos vestígios de civilizações pré-colombianas, para o regime brutal de Pinochet esconder os corpos de muitos dos “Desaparecidos” procurados ainda hoje por várias mulheres.

É um filme emocionante, tendo causado muitas lágrimas na sessão a que assisti, mas com uma suavidade e uma esperança brilhantes.

O Melhor: O equilíbrio encontrado entre elementos aparentemente tão díspares.
O Pior: A cópia exibida está um bocado estragada, impedido o apreciar da beleza de algumas imagens.


João Miranda
(Crítica originalmente escrita em 2010)

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