Quinta-feira, 28 Março

Hey Idris Elba, “spin that shit!”

Mais conhecido pelas séries Luther e The Wire, ou por filmes como Beasts of No Nation, Thor Ragnarok e Vingadores: Guerra Infinita, o ator Idris Elba tem uma carreira paralela como DJ, respondendo ao nome Big Driis / Big Driis the Londone nos seus sets musicais.

Tudo começou quando começou a ajudar o seu tio que era DJ em casamentos em 1986. Alguns anos mais tarde, Elba passou a trabalhar com alguns amigos nessa arte, e agora trabalha sozinho a “meter som”, entrelaçando os dois mundos – a carreira de ator e a de DJ – na nova série da Netflix: Turn Up Charlie.

Comédia dramática com 8 episódios, cada um com vinte e poucos minutos, Elba é Charlie do titulo, famoso nos anos 90 após o sucesso de um tema (chega a ser confundido com Lou Bega num episódio) mas que atualmente apenas faz trabalhos de DJ em casamentos, mentindo aos pais que vivem na Nigéria ao dizer que ainda é um grande sucesso.

Após reencontrar o seu melhor amigo de infância David (JJ Feild), um ator famoso casado com uma DJ igualmente famosa, Sara (Piper Perabo), Charlie acorda com eles tomar conta da filha do casal, uma “pestinha” chamada Gabby (Frankie Hervey) que tem sérios problemas de relacionamento com os progenitores, frequentemente ausentes devido às suas carreiras.

A partir daqui, avançamos num registo de comédia de adultos a tomarem conta de uma criança irascível, mas igualmente na vertente de Charlie ter uma nova hipótese de voltar à ribalta como músico e DJ, bem como de assentar a sua vida sentimentalmente com uma companheira.

Turn Up Charlie é um registo ligeiro do perfil emocional da narrativa “Cinderela”, que mostra uma subida social seguida de uma queda, seguida novamente de uma ascensão, mas demonstra ainda potencial dramático nos seus últimos episódios para ser uma história de queda seguida de uma ascensão, seguida de queda (como em Tudo Sobre Minha Mãe).

Elba não é famoso pelos seus registos cómicos, rômanticos ou musicais na TV, e começa a sua aventura a replicar o que nomes como Arnold Schwarzenegger (Polícia no Jardim Escola) ou Vin Diesel (O Chupeta) fizeram no Cinema, na tarefa de cuidar de miúdos traquinas por amizade ou necessidade de dinheiro, mas que progressivamente vão criando com eles uma empatia e uma proximidade aos seus problemas que os colocam – na ligação aos jovens – até acima da família direta. E por esse caminho, enquanto a ajuda a pequena a lidar com os problemas da adolescência, vai ele mesmo ajudar-se a si próprio e a evoluir.

O grande problema por aqui é que, nessa viagem do nosso DJ por temas como fama, paternidade, relações, amigos e o papel das carreiras na vida das personagens, tudo é apresentado de forma pouco envolvente, única, e espessa. Ainda assim, estamos perante um entretenimento ligeiro, que embora descartável sobrevive com o mérito de não ser um objeto aborrecido ou simplesmente redundante.

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