Quinta-feira, 18 Abril

“Nos Batailles”, entre o sindicalismo e a família

Exibido dia 6 de outubro, às 21h30 – CINEMA SÃO JORGE-  Sala Manoel de Oliveira

Neste terceiro dia da Festa do Cinema Francês em Lisboa, o grande destaque do dia vai para a exibição de Nos Batailles, filme dramático do belga Guillaume Senez que acompanha como Olivier (Romain Duris) procura combater a injustiça no seu trabalho e simultaneamente educar os filhos, especialmente depois da sua esposa, Laura, sair de casa sem qualquer explicação.

Queria incorporar algum tipo de modernidade, trazer uma nova perspectiva sobre o mundo atual do trabalho e, mais especificamente, explorar suas repercussões na vida familiar.”, diz Senez sobre o seu filme, que admite ter elementos biográficos: “Uso como  ponto de partida para todos os meus filmes as minhas incertezas e medos. Separei-me da mãe dos meus filhos há cinco anos. Como Olivier no filme, aprendi a viver sozinho, a observá-los, ouvi-los e compreendê-los. Isso estimulou-me como homem e como cineasta”.

A “Batalha” pelo argumento

Tal como o seu filme anterior, Keeper, Senez apenas oferece ao atores em texto apenas ideias daquilo que pretende: “Eu dou aos meus atores o máximo de liberdade possível, todos nós começamos a procurar a espontaneidade, por uma vida emocional. Não lhes dou falas. Trabalho com eles de antemão para que todos encontrem o seu caráter. Assim, durante as filmagens, trabalhamos uma cena de cada vez. Em primeiro lugar, começamos com improvisações e, pouco a pouco, acabamos espontaneamente por encontrar as linhas do guião. Isso requer que se trabalhe coletivamente e que todos dêem muito de si mesmos: o diretor, os atores, mas também os técnicos.

Nas raízes do argumento, está a realidade social como uma importante fonte de inspiração. “Conhecemos sindicalistas da Amazon, fomos à fábrica de Chálons, lemos livros, assistimos a reportagens … Além disso, os sindicalistas de Chálons fazem uma aparição no filme. É um aceno: eles ajudaram muito. Gostamos de basear as coisas no mundo real e, depois, inseri-las na dramaturgia.” 

A escolha de Romain Duris

Romain Duris alinhou-se com o projeto na sua fase de elaboração. O realizador confessa que não escreveu a sua personagem com o ator em mente, mas quando aceitou participar nele, mostrou-se muito intrigado com o método de trabalho do cineasta: “Ele amava o Keeper, fez muitas perguntas sobre a minha metodologia de trabalho. Romain gosta de se renovar, de pensar fora da caixa, de interpretar novos papéis. (…) Foi principalmente o modo de trabalho que o excitou. Senti que ele era alguém muito criativo, que estava pronto para se colocar em perigo. (…) Lembro-me do Doberman em particular, achei-o incrível. E foi um dos seus primeiros filmes. (…) em Gadjo Dilo, acho que está incrível. A sua filmografia é muito singular. Atores com mais de quarenta anos que atrevem a se colocar em perigo, não há muitos.

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