Terça-feira, 19 Março

Para Nicole Kidman, os 50 são Ouro

Nicole Kidman completou na passada terça-feira 50 anos, e a juntar a este número redondo, a atriz australiana apresenta um portfólio invejável, quiçá o mais invejável de uma carreira já de si impressionante. 

“Descoberta” por Philip Noyce, que a escolheu para Dead Calm de 1989, Kidman passou toda a década seguinte ligada à estrela Tom Cruise, funcionando muitas vezes para os media (infelizmente) como um apêndice deste, ao mesmo tempo que desempenhava papéis já desafiantes como os de Disposta a Tudo, de Gus Van Sant (1995), ou De Olhos Bem Fechados, de Stanley Kubrick (1999).

Eyes Wide Shut: De Olhos Bem Fechados (Stanley Kubrick, 1999)

Com o divórcio, veio uma fase de emancipação, sendo 2001 um ano claro de viragem marcado pelas presenças em dois grandes sucessos: Moulin Rouge, de Baz Luhrmann (primeira nomeação ao Óscar) e The Others: Os Outros, de Alejandro Aménabar. Em 2002, conquistou então o prémio da Academia pela sua performance em The Hours de Stephen Daldry. Seguiram-se outras colaborações ousadas com realizadores como Lars von Trier (Dogville) ou Jonathan Glazer (Birth: O Mistério), mas a certo ponto, a especulação sobre decisões cosméticas (i.e. uso de botox, entretanto assumido em 2013 como uma fase pela qual terá passado e entretanto abandonado) tomou conta do debate mediático, e Kidman passou a ser criticada pela sua cara não natural, que afetava agora a sua representação. 

Ao longo do último ano, o número de projetos sonantes chega à meia dúzia. Depois do êxito da série “Big Little Lies” (um êxito tão grande no formato mini-série que surgiram logo pressões para haver uma segunda temporada), e de mais uma nomeação (a quarta) ao Óscar no início do ano por Lion, Kidman participa em mais quatro obras – todas elas presentes no último festival de Cannes (em maio) – onde, se não conquistou o Prémio de Interpretação Feminina, recolheu como recompensa um prémio especial do 70º aniversário. Elas são: Top of the Lake (2ª temporada de outra mini-série, desta feita realizada por Jane Campion), How to Talk To Girls At Parties, de John Cameron Mitchell, The Beguiled, de Sofia Coppola e The Killing of a Sacred Deer, de Yorgos Lanthimos. 

The Killing of a Sacred Deer (Yorgos Lanthimos, 2017)

Para Kidman, o segredo é continuar a arriscar trabalhar em obras inconformistas. Em declarações à Variety, a atriz declarou: “Quero apoiar pessoas que estão a tentar coisas diferentes, o que têm um estilo cinematográfico muito único. ou que estão a começar e não conseguem ter as coisas feitas. Trabalhei muito, não tenho que trabalhar. Trabalho porque ainda é a minha paixão“. 

Para já, o ano de 2018 parece mais conformista em comparação, com o remake de “Amigos Improváveis” e “Aquaman” em linha, mas nada que invalide este ano verdadeiramente ímpar, em que a atriz demonstra assim na perfeição a sua vontade em sair de vez em quando das produções formatadas de Hollywood. 

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