2015 pode ser um ano de celebração para os direitos LGBT, com a aprovação por parte do Tribunal Supremo dos Estados Unidos do casamento entre pessoas do mesmo sexo, estendendo assim um direito civil já existente em alguns estados a todos os 50 estados norte-americanos.
No entanto, nem tudo são rosas, e Stonewall, filme de Roland Emmerich (Dia da Independência; 2012), que retrata precisamente o “início” da luta pela igualdade nos tempos modernos, está no centro de uma grande polémica – tudo porque as primeiras imagens ofuscam aqueles que foram os verdadeiros heróis desta primeira batalha: mulheres negras e/ou transgéneros, incluindo Marsha P. Johnson, Sylvia Rivera e Ray Castro. No lugar destes, temos na frente de batalha, uma personagem gay branca e fictícia, interpretada por Jeremy Irvine (Cavalo de Guerra).
Uma petição para boicotar o filme iniciada pela estudante negra transgénero Pat Cordova-Goff encontra-se em curso, estando prestes a atingir 24 mil assinaturas. Para Pat e todas as vozes que se levantaram, a escolha de um personagem branco, cisgénero e fictício como protagonista é mais um exemplo de “branqueamento” histórico, no seu duplo sentido da palavra.
Entretanto, Roland Emmerich, realizador abertamente gay, que ainda este ano recebeu um prémio da GLAAD (aliança contra a difamação de gays e lésbicos) pelo seu ativismo, já fez questão de defender a sua obra. No seu perfil do Facebook, publicou a seguinte mensagem: “Entendo que após o lançamento do nosso trailer tenham existido preocupações iniciais sobre como o envolvimento desta personagem é retratado, mas quando o filme – que é verdadeiramente um trabalho de amor para mim – chegar finalmente aos cinemas, o público vai ver que honra verdadeiramente os ativistas “reais” que estiveram lá – incluindo Marsha P. Johnson, Sylvia Rivera, e Ray Castro — e todas as pessoas corajosas que iniciaram este movimento de direitos civis que continua até aos dias de hoje. Nós todos somos a mesma entidade na nossa luta por aceitação.“
Stonewall tem data de estreia marcada para dia 25 de setembro nos Estados Unidos, mas a polémica promete continuar…
