Sexta-feira, 19 Abril

Retrospetiva 2013 – Os Grandes fracassos nas bilheteiras

 

Já dissemos adeus a 2013 mas ainda estamos a publicar alguns artigos que relembram, em diferentes capítulos temáticos, tudo aquilo que aconteceu no mundo do cinema. Este item dedica-se aqueles projetos de ambição comercial que simplesmente não funcionaram junto do público. Como esclarecimento, vale a pena dizer que ao custo de produção deve ser acrescido um valor de marketing que numa grande produção pode chegar aos 50% do valor do orçamento. Isto significa que mesmo arrecadando mais do que aquilo que custou, o projeto deu prejuízo na mesma, pois para além disso há que ter em conta que as receitas do box-office são a dividir entre os estúdios (que produzem e pagam o marketing) e os exibidores (os cinemas). Os dados são do Box Office Mojo.

O Mascarilha

O esforço que houve no mercado externo até deu alguns bons resultados em mercados importantes, especialmente no Japão, mas o buraco gigantesco nas contas causado pelo falhanço nos Estados Unidos selou o destino desta produção, que ressuscitava um velho herói da cultura popular norte-americana, como um dos grandes flops de 2013. Na semana de estreia no seu país foi esmagado por Gru – O Maldisposto 2 e na subsequente andaria a partilhar seus parcos dividendos com outro monstro de pés de barro, Pacific Rim (que se salvaria no mercado chinês).

Nada era de suspeitar pois, por trás, está a equipa vencedora dos Piratas das Caraíbas, responsável pela modernização de filmes com os pernas-de-pau. Mas o facto é que Jerry Bruckheimer, Gore Verbinski e o astro Johnny Depp tiveram um aqui um desastre que ditou o fim da parceria entre o consagrado produtor e a Disney. Ele, no que foi acompanhado de Depp, culpou a crítica pelo fracasso, pois estes foram injustos e, segundo Bruckheimer, estiveram mais interessados em julgar os custos do filme do que a qualidade dele, “que é muito boa”. Teve um orçamento de 215 milhões de dólares ($215M), vindo a conseguir nas bilheteiras apenas $266M. Precisava mais do dobro para ser rentável.

Jack, o Caçador de Gigantes

Um dos grandes perdedores de dinheiro do ano. A famosa história dos Irmãos Grimm sobre o campónio miserável e sonhador que arranja feijões mágicos ganhou uma versão correta de Bryan Singer (X-Men), embora o filme não deixe muito claro onde foram usados os incríveis $200M do orçamento da produção. Um dos aspetos que há de ter falhado foi certamente o planeamento estratégico do lançamento da obra, já que o projeto teve um orçamento de $100M milhões só para publicidade.

Com esse valor, impressiona que tenha entrado nos Top 30 apenas no México e na Rússia, nos Top 40 no Brasil e na Argentina e nos Top 50 apenas nos Estados Unidos e em Inglaterra. A dimensão do descalabro fica claro nos mercados franceses (78º) e, particularmente, no alemão, onde nem entrou entre os 100 primeiros! Aliás, representa uma estranha rejeição germânica à uma obra baseada em dois dos seus mais famosos autores. Da Warner, custou $195M, arrecadou em bruto $197M.

O Quinto Poder

Foi preciso um grande tombo nas bilheteiras para se perceber que Disney e essa raríssima espécie de anti-herói pós-moderno chamado Julian Assange nada tinham em comum. O criador dos Wikileaks foi, aliás, o primeiro a reclamar – tendo a óbvia noção de que o filme iria enxovalhar a sua imagem. A estas horas deve estar a rir, porque quem ficou mal na fotografia foi a companhia de filmes para a família.

Na altura do lançamento não pareceu delirante a ninguém a hipótese de chegar aos Oscares, visível na estratégia de lançá-lo no Festival de Toronto e guardá-lo para esta época do ano. Mas quando, ao massacre dos críticos no Canadá, seguiu-se igual receção dos Estados Unidos (importante pelo facto da obra ser direcionada a um público adulto), as possibilidades do filme afundaram-se ao ponto dele se tornar um dos maiores fracassos do ano. Além disto, o público-alvo do filme andava nestas alturas a gastar os seus tostões em obras como Gravidade e Capitão Phillips. Apesar disto, vale referir que o elenco era de primeira (Benedict Cumberbatch, Daniel Brühl, Carice van Houten).

47 Ronin – a Grande Batalha Samurai

Ainda longe do seu fecho de contas, que pode incluir uma ajuda do mercado chinês, 47 Ronin já se posiciona para ser um dos grandes, senão o maior, desastres de bilheteira de 2013. Já no Japão, país que inspirara a sua história, o seu desempenho havia sido muito fraco no início de dezembro – ficando abaixo dos $3M em receitas. Os maus agoiros confirmaram-se com a pior abertura do ano nos Estados Unidos para um filme com um custo acima dos $150M que somando os países onde foi lançado atingiu para já $87M.

Resta ainda saber o que ainda poderão fazer pelo filme grandes mercados onde ainda não estreou ou apenas chegou muito recentemente– como Alemanha, França, Brasil, Austrália, Itália e o importantíssimo mercado russo. Quanto à China, ainda não tem previsão de estreia – mas a essas alturas parece que nem os $111M com os quais o gigante asiático salvou “Pacific Rim” do descalabro poderão tirar esta obra do vermelho. Nela segue-se a história de uma vingança dos samurais do título contra um shogun que havia morto seu líder. Keanu Reeves, que já não acerta uma nas bilheteiras desde O Dia em que a Terra Parou, de 2008 (um falhanço nos Estados Unidos, mesmo assim), é a única estrela conhecida no mundo ocidental. É um mau começo para o realizador estreante Carl Rinsch – uma vez que a crítica também tem sido globalmente má.

R.I.P.D. – Agentes de Outro Mundo

O filme, que foi apresentado com um cruzamento entre Homens de Negro e Caça-Fantasmas, terminou por apresentar um dos maiores prejuízos do ano que encerrou. A obra foi lançada numa estação particularmente terrível nos Estados Unidos em 2013, onde vários blockbusters se afundaram completamente e só conseguiram a salvação no mercado externo. Não foi o que ocorreu a este projeto que tinha Ryan Reynolds e Jeff Bridges como protagonistas, apesar de uma boa bilheteira na Rússia.
Entre as explicações avançadas, há quem sugira que Reynolds é um dos problemas, não sendo viável como estrela principal pois, onde o foi, os filmes falharam – caso de Turbo, também deste ano, e “Lanterna Verde”, de 2011. Junto a Bridges, por sua vez, tampouco eles teriam conseguido criar uma dupla verdadeiramente carismática (como Will Smith e Tommy Lee Jones, por exemplo). De qualquer forma, lançado em meio à grande concorrência do período das férias, R.I.P.D. simplesmente não teve algo de especialmente atrativo para oferecer ao seu público-alvo. Custou $130M, rendeu $78M. Da Universal.

Ataque ao Poder

O problema desta grande produção de Roland Emmerich, distribuída pela Sony e Columbia Tristar Picturas, foi que o argumento já tinha sido utilizado por um outro filme que, por coincidência, estreou no mesmo ano e três meses mais cedo, Assalto à Casa Branca de Antoine Fuqua. Prejudicado pela memória “não muito curta” dos espectadores, este segundo atentado à Casa Branca custou cerca de $150M e arrecadou $220M, o que não foi decerto um triunfo.

Ainda assim obteve excelentes resultados na terra natal do realizador, a Alemanha, para além de uma receita aceitável na China. Por outro lado, nos demais mercados o resultado foi demasiado mediano para uma obra com esse orçamento (como nos Estados Unidos) e, em alguns deles, como Rússia, França e Itália, foi francamente mau.

Para além da obra de Fuqua cujo prejuízo a este projeto foi admitido pelo próprio Emmerich, alguns outros fatores foram apontados, entre os quais um de cunho político, uma vez que Jamie Foxx vive um Obama simpático que atua contra os vilões – os conservadores! Já o público feminino também ficou abandonado, um vez que as personagens deste sexo são irrelevantes. Já a crítica foi pouco consensual, mas mesmo assim foi mais simpática do que com o seu congénere anterior. Além de Foxx, Channing Tatum protagoniza.

Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos

Desde a mina de ouro que se criou com a saga Twilight que as produtoras têm procurado encontrar um concorrente – por outras palavras, um franchise que reúna fantasia e romance para adolescentes. Em 2013, excetuando-se o relativo êxito de Sangue Quente, as outras tentativas (Nómada e Criaturas Maravilhosas) vieram parar a esta lista.

A história aqui, baseada numa série de sucesso da escritora Cassandra Clare, gira em torno de Clary, vivida por Lily Collins, uma adolescente do Brooklyn que consegue ver o Mundo de Sombras, algo que escapa aos demais. A fórmula do mundo sobrenatural mais as vicissitudes da adolescência não funcionou, apesar dos bons resultados em alguns mercados, especialmente na Alemanha. Mas foi muito mal nos Estados Unidos. Com um custo de $60M, arrecadou $80M – o que constitui um falhanço dados os demais custos (marketing, entre outros). Ainda assim, a sequela, Os Instrumentos Mortais: Cidade de Cinzas, vem a caminho. Da Sony.

Criaturas Maravilhosas

Desta vez foi a Warner quem tentou encontrar o seu Crepúsculo, mas também falhando – neste caso um tanto injustamente, já que o filme tem qualidades. A história trata de um jovem com uma vida pacata numa retrógrada e conservadora localidade cuja vida é modificada pela chegada de uma bruxa com poderes sobre o tempo.

A obra até teve boas receitas em alguns países, especialmente França e Brasil, mas o enorme falhanço nos Estados Unidos garantiu a derrocada. A falta de carisma da protagonista, Alice Englert, filha da realizadora Jane Campion, também pode ter tido o seu papel. Arrecadou o mesmo que custou ($60M), o que significa perdas consideráveis. A receção dos críticos foi mediana.

Nómada

A terceira tentativa falhada de alcançar o público de Crepúsculo veio diretamente da fonte – a própria Stephenie Meyer, cujo livro homónimo inspirou esta obra. Esta trazia um bom elenco (Saoirse Ronan, Diane Krugger) e uma história razoável, mas não caiu no gosto do seu público-alvo. Desdenhada pelos críticos, teve bom desempenho em alguns países, particularmente no Reino Unido – para um projeto onde, novamente, a fragilidade do seu alcance nos Estados Unidos foi fundamental. Custou $40M, arrecadou $48M. Da Universal.

Dead Man Down – um Homem a Abater

A maré anda má para Colin Farrell, que nos últimos anos só acertou com Chefes Intragáveis, onde tinha um papel secundário. Onde foi protagonista, falhou totalmente (Noite de Medo) ou parcialmente (Desafio Total, Sete Psicopatas). Um elenco que ainda incluía talentos como os de Noomi Rapace, Dominic Cooper e até uma Isabelle Huppert muito longe dos seus horizontes habituais, de nada adiantou para convencer a crítica também. Má experiência nos Estados Unidos para o realizador dinamarquês Niels Arden Oplev, responsável pela adaptação escandinava do primeiro livro da trilogia Millennium de Stieg Larsson – Os Homens que Odeiam as Mulheres. O próximo projeto do cineasta, aliás, já se desenvolve no seu país natal. Custou $30M, rendeu $18M mundialmente. Da Filmdistrict.

Cidade Dividida

O mês de janeiro de 2013 acumulou más bilheteiras nos Estados Unidos e, enquanto alguns tornaram-se parte desta lista (como os dois títulos que se seguem), outros salvaram-se no mercado externo, como Força Anti-Crime, Movie 43 e Hensel & Gretel – Caçadores de Bruxas).

No caso específico deste filme com Mark Wahlberg, vindo do sucesso de Ted e co-produtor, e Russell Crowe, ele ainda ressentiu-se do facto de que o seu público-alvo, o adulto, ia nessa altura em massa assistir ao posteriormente oscarizado Guia para um Final Feliz. Já nos países onde foi lançado, teve boa bilheteira em Espanha. Com uma receção mediana dos críticos, a história girava em torno dos arquétipos do cinema noir, com personagens dúbios em busca de redenção e poder instituído corrupto. Custou $ 35M, rendeu $25M. Da Relativity.

Parker

Jason Statham, Jennifer Lopez, uma estrutura de heist movies e o sol da Flórida não se conjugaram para produzir um sucesso de bilheteira. Parker, também alvo dos críticos, foi muito mal nos Estados Unidos, vindo a ter ainda assim uma bilheteira aceitável na Rússia. Statham, curiosamente, está a ter com Os Mercenários os seus únicos sucessos nos últimos anos – a exemplo de outros medalhões do cinema de ação (Stallone, Schwarzenegger) também presentes nos flops do ano. Mais um da FilmDistrict, que já frequenta a lista deste ano com Oldboy e Dead Man Down – um Alvo a Abater – numa maré tão negra só contrabalançado pelos enormes lucros da franquia Insidious e o sucesso inesperado de Assalto à Casa Branca. Custou $35M, rendeu $46M.

The Last Stand – O Último Desafio

Arnold Schwarzenegger voltou do seu exílio na política com uma divertida história de ação que também marcava a estreia nos Estados Unidos do sul-coreano Jee-woon Kim, responsável por alguns filmes importantes no seu país (entre eles Eu Vi o Diabo, cujo remake foi recentemente anunciado). Mas o público não aderiu e o velho exterminador implacável terá de se contentar com a reinvenção da ação dos anos 80 em Os Mercenários 2 para ter seu único sucesso no seu retorno. A obra teve boa bilheteira na China mas, curiosamente, Kim não fez milagre na sua casa e a bilheteira na Coreia do Sul foi desastrosa – assim como, obviamente, nos Estados Unidos. Custou $45M, arrecadou $48M. Da Lionsgate.

Bala Certeira

Tal como acontecera com The Last Stand – O Último Desafio, com Arnold Schwarzenegger, os heróis do passado parecem não ter mais lugar nos dias de hoje, pelo menos a solo. Sylvester Stallone regressa ao seu cinema de conforto num ambiente característico dos anos 80, onde o ator desempenha o papel de um “hitman” que após a morte do seu parceiro tenta orquestrar um plano de vingança.

O público não foi na “cantiga” (a crítica também não) convertendo esta tremenda aposta da Warner Bros. num dos maiores fiascos do ano, com 55 milhões de dólares de custos de produção, onde apenas $19M foram recuperados em todo o mundo. O mais triste é que este Bala Certeira destacou-se como o regresso do lendário realizador de ação, Walter Hill (48 Horas) aos cinemas.

Phantom

Tem mais interesse a história de bastidores do vendedor de farinha luso-angolano Rui Costa Reis, que decidiu ser produtor de Hollywood, do que essa versão requentada e fora de tempo de Caça ao Outubro Vermelho – pese o esforço de Ed Harris. Depois de anos a ganhar experiência com o lixo direto para DVD da Sony (filmes como Hostel III e Swat – O Confronto), mas também do elogiadíssimo For Ellen (que passou pelo Indie Lisboa do ano passado e continua inédito em Portugal), Reis tem aqui o seu primeiro trabalho como independente.

Pouca gente além dele sabe quanto realmente o filme custou (diz-se que os $18 M presente nos sites mais conhecidos é falso) – mas mesmo que seja o valor mais baixo que se veiculou, $4.5M, o filme arrecadou pouco mais de $1M. Também prejudicou a perda de 1000 salas pouco antes da estreia nos Estados Unidos – pois estas foram cedidas a filmes dos Oscars… Resta saber como será a próxima cartada, o aparentemente ambicioso Highlander- Duelo Imortal, ressurreição de um clássico dos anos 80 e ainda em fase de pré-produção. Da RCR

Gangsters da Velha Guarda

Costuma-se dizer que a idade é o pior dos inimigos das estrelas de cinema, com os bons papéis escasseando – principalmente os de protagonismo. Gangsters da Velha Guarda, de Fisher Stevens, tentou fazer diferente: pegou em três velhas estrelas de cinema, atualmente reduzidas as papeis secundários, e tentou devolver-lhes o destaque merecido.

Mas este projeto de gangsters à moda antiga, atores lendários, velhas recordações e a fórmula básica dos buddie movies, não foram suficientes para conquistar o público em geral e a crítica ficou dividida. O resultado foi um filme com um orçamento de $15 M e um retorno de $3M em todo o mundo. Será que Al Pacino, Christopher Walken e Alan Arkin não mereceriam mais que isto? Da Lionsgate.

Metallica – Through the Never

A ideia de potencializar o som de uma banda de rock oferecendo um espetáculo em IMAX parecia estimulante – especialmente trazendo-se uma das mais famosas agremiações do mundo, os Metallica. Mas essa mistura de música com imagens surreais e apocalípticas não funcionou junto do público – particularmente nos Estados Unidos onde, a despeito de uma campanha de marketing fortíssima, a obra arrecadou menos de $4M. Os quase $17M arrecadados internacionalmente melhoraram o saldo. Lars Ulrich, o baterista e um dos mentores, discorda de que seja um flop, pois é um investimento que vai se recuperar ao longo dos anos, certamente no mercado de DVD e Blu-Ray. Custou $18M. Da Picturehouse.

Oldboy

A estas alturas já muito se disse que ninguém queria o remake de um dos filmes asiáticos de maior culto de sempre, mas dificilmente se poderia imaginar tamanho rombo nas contas da Filmdistrict. A versão de Spike Lee não é particularmente um mau filme, beneficiando ainda de uma prestação esforçada de Josh Brolin, mas carece de uma gigantesca falta de personalidade de um cineasta a atuar claramente fora do seu ambiente natural. Na semana em que foi lançado nos Estados Unidos, obras como The Hunger Games e Frozen dominavam completamente as bilheteiras. Custou $30M e rendeu pouco mais de $4M…

The Incredible Burt Wonderstone

Uma rivalidade entre mágicos, com Steve Carrell e Jim Carrey, que custou caro para a Warner Bros. Ao contrário do bem-sucedido Mestres da Ilusão, de Louis Leterrier, que chegou a render mais de $200M em todo o mundo, esta comédia de Don Scardino foi um autêntico desastre no box-office dos EUA, sendo que em muitos países foi diretamente lançado para o mercado home-video.

Segundo os analistas, a causa do seu fracasso encontrou-se no próprio desinteresse do público, na fraca aposta no marketing envolto e nas críticas negativas que não ajudaram em nada na promoção deste filme. Tendo custado cerca de $60M, apenas arrecadou $27M em todo o globo (80% do valor apenas nos EUA). Inédito em Portugal.

 

O Grande Dia

Esta comédia algo rebuscada de Justin Zackham, um remake norte-americano de uma produção francesa, concentrava-se como uma das grandes apostas do género da Lionsgate. Contudo, o resultado foi dececionante. Tendo custou cerca de $55M, recuperou apenas 40. O Grande Dia é um claro caso de estudo, demonstrando que o chamado “star system” já não é mais uma grande valia no êxito de um filme. Um elenco de luxo desperdiçado e destroçado pela crítica geral.

Desafio do Ano

Tentando arrecadar o mesmo público dos Step Ups e Street Dances, Desafio do Ano, de Benson Lee, registou-se como um alvo a abater por parte da crítica e do público que se demonstrou desde início desinteresse por esta enésima obra de dança. Talvez a saturação do mercado neste género ou, até possivelmente o fator “Chris Brown” como protagonista do filme, foram algumas das razões para que um filme que custou $20M rendesse apenas $15M. Da Sony / Screen Gems.

Getaway

Um piloto de competição joga-se numa corrida contra o tempo para salvar a sua mulher que fora sequestrada por um vilão misterioso: essa é a premissa simples do novo filme do infame Courtney Solomon. Despedaçado pela crítica, Getaway que contou com as participações de Ethan Hawke e Selena Gomez (a tentar desesperadamente abandonar a imagem predefinida pela Disney), custou cerca de $35M(por ventura um filme bastante barato na industria norte-americana), mas rendeu apenas $11M. Mais uma aposta fracassada da Warner Bros. Inédito em Portugal.

Lovelace

A história da atriz pornográfica Linda Lovelace, a estrela de Deep Throat (Garganta Funda) e uma das relevantes e incontornáveis figuras da indústria, foi a inspiração desta biopic protagonizada por Amanda Seyfried e dirigida por Rob Epstein e Jeffrey Friedman. Da Radius-TWC, Lovelace foi um autêntico fracasso quer a nível comercial, quer em termos artísticos. No primeiro caso, estima-se que tenha custado $10M de dólares, obtendo em retorno pouco acima do milhão de dólares. Já a crítica dividiu-se. Será lançado em Portugal no próximo dia 9 de Janeiro.

Diana

A princesa do Povo não originou decerto um filme adorado pelo mesmo. Realizado pelo homem que apresentou o cru e intenso A Queda – Hitler e o Fim do Terceiro Reich, Oliver Hirschbiegel não foi capaz de contornar as polémicas em torno da matéria-prima. Ao invés disso concretizou aquilo que muitos apelidam de “comédia romântica descarada” com uma Naomi Watts a cair no registo de caricatura.

Ainda assim, os registos obtidos em Inglaterra e França, obviamente os dois maiores mercados para esta produção europeia, não foram de todo um descalabro ($3M e $2M, respetivamente). Mas, dado o estatuto da biografada, representou um desapontamento fatal – ao ponto da sua distribuição nos Estados Unidos abranger apenas 100 salas e render ridículos 335 mil dólares. A crítica dizimou a obra com rasgos de inspiração: um deles disse que a princesa Diana morreu duas vezes – uma no acidente fatal que sofreu e outra neste filme; já outro disse que Wesley Snipes de peruca loira ficaria melhor no papel principal. Este aspirante a telefilme custou $15M e rendeu $7.5M. Da Entertainment One.

Ender’s Game – O Jogo Final

Baseado nos livros juvenis escritos por Orson Scott Card, este “Harry Potter espacial”, esta que era uma das grandes aposta da Lionsgate e Summit para o público juvenil resultou num dos mais dececionantes resultados do ano. E neste caso a crítica até esteve a seu favor.

Curiosamente, a trajetória de mercado aqui seguiu uma ordem diferente do habitual: embora o seu desempenho nos Estados Unidos não tenha sido famoso ($61M) para uma produção com o seu custo ($110M), foi no exterior que a obra definitivamente não descolou. Ainda assim, dos $27M arrecadados no mercado internacional até o momento, não estão contabilizadas as receitas de locais como o Brasil, a Coreia do Sul e o Japão. Tendo em conta o marketing e a promoção os prejuízos são avultados. Foram $110M gastos e apenas $87M recuperados.

Paranoia

A crítica foi implacável e o público evitou-o por completo. Robert Luketic transforma a astuta intriga de Joseph Finder num formatado filme de Hollywood. Por outras palavras, a premissa da espionagem empresarial e as questões sobre a privacidade face aos avanços tecnológicos dão lugar a um thriller banalíssimo com perseguições e tiroteios e um romance pouco credível e sem estofo. Aliás, esta “brincadeira” custou $35M mas não conseguiu chegar mais para além dos $13M em receitas. Da Relativity.

A Minha Vida Dava Um Filme

Kristen Wiig como uma escritora de peças de teatro lida com os mais variados problemas familiares não conseguiu de forma alguma conquistar o público que há dois anos rendeu-se A Melhor Despedida de Solteira, de Paul Feig (o qual partilha a mesma estrela). A verdade é que A Minha Vida Dava um Filme passou despercebido e a própria crítica não ajudou em nada na sua eventual consagração. Mesmo de baixo orçamento, esta fita de Shari Springer Berman e Robert Pulcini arrecadou somente $2M em todo o mundo. Da Roadside Attractions.

Peeples

Tyler Perry, mesmo que infame, costuma “dar dinheiro” o que não aconteceu nesta sua nova produção. Peeples, de Tina Gordon Chism, tinha como alvo principal o público afro-americano, mas parece que até este renegou o filme protagonizado pelo cada vez mais ascendente Craig Robinson. A obra custou $30M (com o valor do marketing incluído) e apenas rendeu $9M, um autêntico fiasco ridicularizado pela crítica. Curiosamente, foi esmagado pela concorrência de The Best Man Holiday, filme direcionado ao mesmo público-alvo. Da Lionsgate. Inédito em Portugal, como toda a obra de Perry.

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